Pensamentos aleatórios sobre a descrição dos métodos estatísticos em projetos

Estive pensando sobre como apresentamos nossos métodos estatísticos em projetos de pesquisa – especificamente projetos de iniciação científica, mestrado e doutorado – e tem alguns aspectos disso que acho que são bastante subótimos, por assim diz, e poderiam ser bem mais informativos (e melhores para a formação das pessoas) se mudássemos a abordagem geral de como escrevemos esses métodos.

Em ecologia, a estatística que utilizamos frequentemente é bem mais complexa do que a estatística que aprendemos na graduação – ou na pós-graduação; a não ser que façamos graduação ou pós-graduação em estatística! Mas aí provavelmente não estaríamos desenvolvendo um projeto de ecologia. (Acho que não conheci nenhum estatístico que estivesse fazendo pós-graduação em eco nos PPGs com que tive mais contato). Por exemplo, vejam o artigo “The mismatch between current statistical practice and doctoral training in ecology”, de Touchon e McCoy, publicado em 2016 na Ecosphere – podem acessar por este link aqui, o acesso é aberto. Eles mostram como a estatística ensinada nos cursos de doutorado frequentemente não é a mesma estatística usada nos artigos. Pela minha experiência, frequentemente usamos modelos generalizados lineares e aditivos, modelos mistos, análises por permutações e até estatística Bayesiana. São coisas que não aprendemos; e mesmo as coisas que aprendemos – ANOVA, regressão, teste t – frequentemente aprendemos de forma superficial.

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Mais um texto sobre réplicas e pseudoréplicas

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Digamos que você decidiu estudar como as características funcionais de unicórnios são afetadas por características do ambiente e como elas se relacionam entre si. Mas aí você percebeu que a sua área de estudo é muito pequena pra estudar unicórnios, e aí você decidiu estudar fadas. De modo que agora você está estudando como as características das fadas encontradas em uma área se relacionam com o ambiente e entre si.

E é claro que antes de planejar seu estudo você foi atrâs de ler sobre desenho amostral, réplicas e pseudoréplicas… Como assim você não leu sobre isso?! Ah, uffa. Levei um susto aqui. Bom, caso por algum motivo da vida você não tenha lido sobre isso, no final deste texto tem referências para artigos que você precisa ler. Precisa sim. Sim. Precisa. Mesmo. Precisa ler, mesmo. Começando pelo artigo do Hurlbert (aquele que fala de intrusões demoníacas), mas não parando por ele. Bom, se quiser ler esse post antes, tudo bem, mas leia os artigos ein!

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