Salvador. Carnaval. Sete da manhã.

Sexta-feira de Carnaval

Nunca gostei de carnaval, ou qualquer outra festa que tenha grandes aglomerações e música alta (com a excessão de shows de metal, mas isso é outra história). Acho que só fui uma vez em um bloco carnavalesco, em São Carlos. Mas por outro lado, gosto muitíssimo de festas populares e manifestações culturais, tanto que já toquei em um grupo de maracatu, entre outras coisas.

Dito isso, reconheço que o Carnaval é algo importante, assim como outras festas do tipo. É importante por ser uma manifestação popular, algo culturalmente impregnado aqui e em outros lugares; é importante para pessoas se divertirem e esquecerem um pouco os problemas da vida; e é muito importante para muitas pessoas que precisam destas festas para garantir o seu sustento, em uma sociedade onde grande parte das pessoas não tem o mínimo de estabilidade e pouquíssimas oportunidades.

Por exemplo, pessoas que vendem cerveja no Carnaval, ou que catam as latinhas de cerveja no Carnaval.

Eu sempre fugi do Carnaval de Salvador, me retraíndo em casa ou indo para algum lugar distante. Apenas uma vez, na quarta-feira de Carnaval, fui até o Porto da Barra – que fica em uma das pontas de um dos circuitos de Salvador – participar de uma limpeza subaquática, com o grupo Fundo da Folia. Este grupo surgiu justamente para tirar o lixo que se acumula no mar, especialmente depois do Carnaval. E hoje eu repeti a experiência, não para tirar lixo, mas para ir até a casa de uma amiga de cujas plantinhas estou cuidando. E percebi que sete da manhã é um bom horário para ver o lado do Carnaval que a mídia não mostra.

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O que aprendi sobre orientação nos últimos anos

Faz alguns anos que estou na UFBA e orientando pessoas, tendo coorientado pessoas antes disso, e decidi escrever um postzinho curto (porque logo preciso ir pra casa) sobre isso.

Primeira coisa que aprendi: assim como dar um minicurso é bem diferente de dar uma disciplina, coorientar é bem diferente de orientar. Ao coorientar eu só precisava me preocupar com alguns aspectos do trabalho que tinham mais a ver com o meu próprio perfil, tipo as análises estatísticas e alguns aspectos da ecologia, e ajudar com o planejamento, mas a responsabilidade maior de orientação não era minha. Ao orientar, eu devo me preocupar com tudo, inclusive questões com que não tenho experiência, e inclusive com a parte burocrática. Inclusive, se você está começando a orientar, é muito, muito importante se preocupar com as burocracias, por exemplo com assinar os termos de outorga e outros documentos rapidamente para não levar a atrasos no recebimento de bolsa ou outras consequências ruins! Por algum motivo somos sempre avisados disso muito em cima do prazo. É importante se preparar e também ficar a postos para fazer algo que precise ser feito rapidamente.

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Relação entre Educação Ambiental e Divulgação Científica

Uma vez, um homem sábio – acho que foi Stephen Heard – disse (bom, escreveu) que às vezes escrevemos para comunicar o que pensamos sobre um assunto, mas às vezes escrevemos para descobrir o que pensamos sobre um assunto. Este post é do segundo tipo. Quero colocar em ordem minhas ideias sobre o assunto do título e escrever é uma boa forma de fazer isso!

Algo que tenho pensado há tempos… muitos tempos… É como a Educação Ambiental e a Divulgação Científica se relacionam. À primeira vista, pode parecer que há uma relação óbvia e clara e direta. Afinal, na educação ambiental falamos e pensamos sobre conservação da natureza e processos ecológicos, coisas estudadas por biologia da conservação e por ecologia. Então, ao fazer educação ambiental, também precisamos fazer divulgação científica sobre estas ciências, e ao fazer divulgação sobre elas também estaríamos fazendo educação ambiental, certo? Mas acho que essa visão não resiste nem a uma leve crítica.

Vamos pensar então sobre o que é divulgação científica e o que é educação ambiental, onde se cruzam e em que diferem uma da outra, e quais são as suas zonas de contato que potencializariam a efetividade de ambas.

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