Como facilitar (um pouco) o ensino remoto

Ano passado fomos todos pegos de surpresa com o encerramento das atividades presenciais e o início do ensino remoto, em alguns lugares com pouco aviso prévio, em outros (UFBA <3) depois de um longo processo avaliando as possibilidades e planejando como seria o semestre da melhor forma possível. Foi um processo de se adaptar a novas condições, aprender novas tecnologias, muitas vezes mudar a forma de ensinar – e, obviamente, mudar a forma de aprender. Por vezes adquirir equipamentos e transformar uma residência em um espaço de trabalho que combina laboratório, sala de aula, escritório e estúdio de gravação em um lugar só. Foi um longo processo; atividades de formação sobre uso de tecnologias digitais e sobre a natureza do ensino remoto foram oferecidas; e, a meu ver, tem sido feito o melhor que podia ter sido feito e vi muita gente se desdobrando para se adaptar às novas condições e oferecer o melhor ensino possível. Mas independentemente disso, ensino remoto é difícil, é complicado, e falhas acontecem, porque não tem como falhas não acontecerem. Assim, acho essencial que busquemos formas de minimizar essas falhas e de tornar este ensino mais fácil e acessível para estudantes ao mesmo tempo mantendo uma carga de trabalho razoável para docentes, porque sobrecarga não é legal.

A minha impressão geral nestes tempos ministrando disciplinas remotamente é que o ensino remoto é mais difícil do que ensino presencial, para ambos os lados. A carga cognitiva olhando para uma telinha com slides e ouvindo alguém falar é mais pesada do que a carga cognitiva olhando e ouvindo um professor ou uma professora na sala de aula; na sala de aula existem gestos, os silêncios são menos estranhos, e o olhar não fica o tempo todo focado em uma única tela, passando entre o slides, a pessoa que está dando aula, e a paisagem lá fora (nos raros casos em que há janelas abertas) quando a mente e os olhos precisam de um descanso. Remotamente, isso tudo se perde, exceto talvez a possibilidade de olhar pela janela. As distrações também são maiores: em casa, há as distrações constantes da vida cotidiana, a tentação de abrir o Whatsapp Web é mais forte do que a tentação de olhar furtivamente para o celular.

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Amigos da Noite

Este é um conto que Ana Beatriz Silva, idealizadora do projeto Econtos, escreveu para o projeto, que é um podcast de ecologia para crianças. O conto pode ser ouvido no youtube, neste link, ou no spotify, neste link.

Você já imaginou como deve ser ficar acordado por uma noite inteira?

Bem, alguns podem pensar que não é nada demais… ficar uma noite inteira acordado não parece grande coisa.

Bom, e que tal ficar acordado a noite durante toda a sua vida? Para o personagem do conto de hoje, isso não parece ser um problema, afinal, ele é um esfingídeo, ou, mariposa esfinge, que são nada mais do que mariposas noturnas, que passam a maior parte das suas vidas tomando néctar de algumas flores. O néctar é como uma aguinha com açúcar, que os polinizadores adoram!

A história de hoje é sobre Erinny, um esfingídeo  que tinha medo de tudo, inclusive da noite…

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