Este é mais um post convidado da série sobre a Vida Fora da Academia. Quem não viu os outros – basta olhar os últimos posts, a série está sendo ininterrupta. Talita Sampaio foi minha colega de mestrado e doutorado na UFSCar, e agora escreve um pouco sobre como está sendo a vida depois do doutorado. Boa leitura!
O final do meu doutorado (2015) foi bastante doloroso. Eu amava meu trabalho, o campo era incrível, o processamento dos dados coletados era como um trabalho de detetive, a análise de dados era divertida, e os resultados refletiam o que eu via acontecer na Natureza. Infelizmente, os moldes atuais da academia limitam nosso tempo em 4 anos; por mim, ficaria mais uns 4 anos fazendo doutorado.
Obviamente, o final do doutorado coincide com o fim da bolsa, mas as contas pra pagar não deixam de existir. Por dois anos após a defesa, e muitas tentativas sem sucesso em concursos públicos, tive trabalhos, mas nenhum emprego. Isso acabou culminando na escolha de voltar para a casa dos meus pais. Não foi uma escolha fácil, mas foi um período importante para refletir sobre diversos tópicos, incluindo a possibilidade de encarar um emprego que não era o dos meus sonhos – o de docente em universidade pública – visto que com as mudanças políticas dos últimos anos, os concursos para docente de ensino superior escassearam, de modo que os poucos concursos que tem acontecido são muito concorridos. Neste período, também tentei bolsas de pós-doutorado fora do país, mas não obtive sucesso. (Nesta fase, a síndrome da impostora foi minha companheira todos os dias).